Opa!!!
É com grande prazer que inauguramos a seção "De Músico para Músico". A ideia é entrevistar, apresentar, sugerir, bisbilhotar, encher o saco, invadir, matar a curiosidade em relação a um artista de BH que gostamos (de verdade) !!!
Vamos começar com uma banda realmente foda chamada RAM!!!!!!!! Quer sacar o som dos caras antes de ler a entrevista?? Faça isto!!!! Você não vai se arrepender!!!!! O disco Orange Orgio Orbis está disponível aqui !!!!
Ouviu?? Gostou?? Pois é!!! Então vamos para a entrevista!!!!!!!!!
[Paz-me]: O som que a banda faz
hoje é resultado de um processo pensado ou saiu naturalmente?
RAM: Os dois. Penso alguma coisa quando estou compondo e quando
proponho os arranjos, mas nada definitivo. As coisas são experimentadas
livremente em estúdio, vale a naturalidade, a espontaneidade e a personalidade
dos músicos. A coisa tem q passar a pertencer a todos, a ponto deles
expressarem a canção com naturalidade. Então o resultado é sempre
surpreendente. E não tem um lugar ao qual queremos chegar. O lance é canalizar
todas as nossas propostas e descobrir o que podemos fazer pra ir além. É
descobrir, não encontrar. Potencializar as nossas possibilidades a ponto de
criarmos algo que nunca tínhamos feito. A interpretação é algo que vai variar
em cada contexto e aí a composição estará vulnerável a isso.
[Paz-me]: Se pudessem abrir o
show de uma banda qualquer que está na ativa, qual banda seria e por quê?
RAM: Acho que seria P.J. Harvey, Patti Smit ou Neil Young. Esses
artistas têm menos pose – têm pose tb, mas a pose é submetida a outros
elementos e não o contrário – e dão uma atenção à canção e à interpretação
que acho q tem a ver com o que o Ram faz.
[Paz-me]: Como é processo de
composição da banda? Rola “porrada” até a música ficar pronta?
RAM: Partimos da idéia de que a canção nunca terá corpo definitivo. A
versão que será gravada, será a que terá aquela vida naquele momento de gravação,
com os recursos de estúdio e tudo mais. A versão do show será a que conta com
aquela formação no palco, energia e contexto influenciando. Mas nós fritamos
sim, maturamos bastante a composição até a música fazer sentido pra todo mundo
que está tocando a ponto de ser interpretada.
[Paz-me]: Vocês têm os
instrumentos desejados ou ainda querem comprar o instrumento ideal, dos sonhos?
RAM: Você diz marca? Olha, sempre queremos melhorar né. Mas não achamos
que exista o instrumento ideal, pq não queremos nos limitar em determinados
timbres. Então a variação é necessária. Mas acho que o artista honesto é aquele
que faz com o que tem e sabe usar o que tem. A personalidade está mais aí do
que em qualquer outro lugar.
[Paz-me]: Qual a maior furada que
a banda já entrou?
RAM: Não tem nenhuma assim, acachapante, mas algumas vezes entramos em
esquemas “na brodagem” onde nossa onda não era compreendida e respeitada.
Aqueles “enche buraco” em que qualquer coisa que você tocar vale, então não faz
diferença o que você toca. É coisa pra ambiente e não compomos pra isso.
[Paz-me]: Na opinião de vocês,
existem panelinhas no cenário musical de BH? Tem artista querendo ver o resto
da moçada sefu? (sem citar nomes é claro..rssss)
RAM: Cara, panelinha existe em qualquer lugar,eu acho. Eu sei mais de
Bh,claro,pq aqui é onde vivi a vida toda e onde trabalho. Não acho que artista
nenhum perde seu tempo querendo ver o outro sefu, mas acho que impera o
“tapinha nas costas”, do “vai que eu to te vendo”. Ninguém tem que fazer nada
pelos outros e quem tá um passo à frente não tem menos trabalho do que quem tá
um passo atrás e por isso mesmo não existe essa onda de “puxar o outro,
pobrezinho”. Quem trabalha aparece mais cedo ou mais tarde. Acho que BH têm
pessoas generosas, talentosas e bem intencionadas. Mas apesar dessa recente
onda de artistas e da população interessada em voltar os olhos pra cidade,
ainda existe uma coisa das pessoas subestimarem o próximo. Do tipo, “te acho bacana,
mas alguém maior tem que me provar que você é bom mesmo, pq minha opinião pequeno-bairrista
não é suficiente”. No Recife, em Salvador e em Porto Alegre, vemos exatamente e
até exageradamente o contrário. Enquanto
Belo Horizonte tiver que ter o aval do Rio e SP pra ser Belo Horizonte ela
nunca saberá quem é. Acho que isso é muito cultural e cultura é um lance que sofre
influência de lugares que pouco percebemos.
O lance da desconfiança do mineiro,
bem próximo à ordem e comodismo, à sensatez e sobriedade, que cai num puta pé
atrás com o novo e com o diferente. Isso tem consequências em tudo, por
exemplo, na falta de espaços, na falta de mídia, na caretice de iniciativas
inclusive nos “lugares comum” dos próprios espaços e eventos, na pouca atenção
dada à música. Atenção, tô falando de música, não tô falando de festas, pq
festa todo mundo vai exatamente pq enche e acabam “percebendo” a música. Mas da festa pra fora, não tem muita
coisa que possibilite que aquela música se alastre. E por aí vai. Isso educa o
público e essa educação não é de hoje não, é de décadas. Agora a coisa da
internet, da rede, todo mundo se conhece, as iniciativas próprias, sem esperar
gravadora, tá mudando, inclusive acho que é o melhor momento da música
independente que já vi em BH – apesar da falta de qualificação gerar uns
amadorismos, frequentemente. Tudo bem, ainda tá tudo muito localizado na coisa
da classe média universitária e é consumido por pessoas muito ligadas ou
próximas às atividades artísticas. Mas é questão de dar outro passo e isso está
rolando! Mas acho também que impera um esquema de brodage que pode ser nociva.
Todo mundo trabalha junto,não tem rixa explícita e declarada, me parece. Mas
penso que o lance da relação pessoal vir à frente da relação profissional vicia
e cria essas chatices. Na arte a relação não pode ser algo SÓ profissional, frio
e distante. O afeto é fundamental, apesar de que isso sugere informalidade e
isso pode fuder tudo. Mas a relação pessoal se tornar um pré requisito pra uma
maior pré disposição artística nas relação de trabalho, isso sim, faz com que
deixemos talvez, de ampliar nossa visão em relação ao que tá rolando em toda a
cidade e vejamos só o que tá rolando na nossa rodinha. E cai também numa “chapa
branquice” da porra. Seus amigos nunca te falarão o que acham MESMO do seu
show. Seu amigo do jornal dificilmente escreverá algo de verdade sobre suas
músicas. Por outro lado, é provável que falem de você ou de que vão a seus
shows por serem chegados. Ou seja, uma ilusão que não chega a lugar nenhum e
não prepara o terreno do artista o suficiente pra possibilidades maiores. Mas
apesar disso, eu sou otimista e acho que tá rolando uma puta abertura, uma
paixão e valorização do lado bom de ser belo horizonte e um desbunde de fazer
acontecer que em algum momento, vai premiar quem merece. A coisa realmente tá bonita e dando pra
empolgar! Ainda existem esses problemas, na minha opinião, mas foi você quem
perguntou disso, eheheh
[Paz-me]: Qual o mais chato da
banda e por quê?
RAM: Cada um tem sua chaticezinha peculiar, mas acho que eu (Paim) sou
o mais chato. Sei lá, tenho a impressão, ehhe agora, o por quê, pergunte aos
outros...
[Paz-me]: Qual o maior porre que
a banda já tomou? Quais foram as consequências disto? Rolou ressaca moral?
RAM: Algumas vezes passamos som muito cedo e até o show começar já
estávamos bem bêbados. Mas temos parado com isso. O maior porre foi num show no
Stonehenge, no lançamento de uma revista, quando o vocalista não conseguiu nem
começar a primeira música e ainda protagonizou momentos históricos como tentar
pular na piscina e outras coisas. E ainda era a estreia do guitarrista novo da
banda!
[Paz-me]: Se tivessem que colocar
mais um instrumento na banda, qual seria?
RAM: Ah, o Ram tem o seu núcleo
rock (baixo,batera,guitarra,teclado),mas pelo disco já tá pra entender que rola
uma flutuação grande ao redor. E isso deve crescer, dado que a ideia da banda é
experimentar cada vez mais com estilos diferentes. Tem hora que dá vontade de
colocar naipe de sopro, coro, quarteto de cordas, viola caipira... mas isso vai
variar de música pra música.
[Paz-me]: Rola RAM fora do Brasil?
RAM: Tem rolado. Austrália, Argentina, África, Japão, Suécia e Alemanha
são alguns dos lugares de onde já tivemos feedback.
[Paz-me]: Led Zeppelin, Deep Purple ou Black
Sabbath?
RAM: Humble Pie
[Paz-me]: Qual curiosidade da
banda que ainda não ganhou as páginas das revistas de fofoca?
RAM: Tem umas que realmente não ganharam as páginas pq não são os tipos
de coisas que deixam publicar.
[Paz-me]: Pra terminar...rsss..que
porra é esta de tirar foto pelado na banheira?
RAM: A gente sempre faz isso antes dos shows, troca de energias e
tudo...mas no dia tinha uma fotógrafa lá e mandou ver. Nosso segurança
escalpelou ela, mas ela já tinha mandado a foto por email. Não que quiséssemos
esconder a nossa homo afetividade, mas a gente sabia que depois daquilo os
banhos nunca mais seriam os mesmos...e não foram.
[Paz-me] : Leia-se Charles Galvani; RAM: Leia-se Paim
Fotos: Divulgação
É isto aí!!!! Vamo que vamo!!!! Muita paz (me) para todos!!!
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Rock e Paz!